Resenhômetro




Nine Inch Nails – The Slip
Nota: 5

Uma questão de ego

Essa é uma maneira para definir o novo disco da banda de Trent Reznor. Após o lançamento do ótimo Year Zero (2007), o líder do NIN começou a crer piamente em sua inspiração. O problema de The Slip (2008) é justamente esse. As guitarras afinadas um ou dois tons abaixo, as batidas eletrônicas sufocantes/dançantes e os efeitos que costumam crepitar na caixa de som estão lá e dão bom caldo em “Echoplex” e “Letting You”. Mas o resto estende-se em repetições de idéias passadas, refletindo a demasiada autoconfiança de um artista. Um disco desnecessário é aquele que viola o tempo entre a obra anterior e ele, esquecendo-se dos julgamentos que validam sua própria existência. O caso se aplica aqui e em Ghosts - um disco duplo de 36 faixas instrumentais lançado há dois meses atrás.

Classiqueira - David Bowie - Low

Revolução em Low-FI

O ano de 1977 foi eternizado pelo nascimento concreto do “Punk” (como movimento e estilo musical) e pela popularização da “Disco Music” (através do filme Embalos de Sábado a Noite). Ok, honras para The Clash, Sex Pistols e o süíngue maneiro de John Travolta. No entanto, muitos esquecem-se que entre estes extremos, nasceu Low, uma obra que expandiu os horizontes do rock e consolidou o nome de David Bowie, como uma das figuras mais importantes da década.

Depois de um período em Los Angeles , Bowie decidiu retornar a Inglaterra e pisou no país da pior forma: fez um aceno nazista para os milhares de fãs que o aguardavam no aeroporto. As conseqüências negativas deste ato serviram de pretexto para o artista escolher exilar-se em Berlin. O novo território serviu como impulso para desenvolver as idéias experimentais desenvolvidas no disco Young Americans de 1976, e enterrar de vez os resquícios da excelente fase bicha-performática-dramática do espaço (leia-se os discos Rise and Fall of Ziggy Stardust e Space Oddity ).

Sem querer, Bowie deparou-se com uma decadente capital germânica, reflexo de uma nova era industrial, de auto-destruição e solidão. A capa do disco traduz tão bem quanto a música, o prisma do mundo observado por Bowie e seu desejo explícito de não ser observado. A palavra “Low” está em confluência com o perfil de Bowie, sugerindo o “Low Profile” (expressão inglesa para pessoas que procuram aparecer o menos possível).

Além do cenário, as influências germânicas permearam também o universo musical. A fascinação pelo “Kraut Rock” dos alemães Kraftwerk, enaltecia a paixão pelas novas tecnologias de estúdio. O disco não seria o mesmo sem a presença do produtor e tecladista Brian Eno, escalado para realizar a materialização dos anseios artísticos de Bowie.

Servido como um aperitivo do universo Low, “Speed of Life” inicia uma singela briga entre os sintetizadores e a guitarra. Quando começa a cantar, Bowie cria um cenário visual de paranóia e medo, quase sempre simbolizando um isolamento entre quatro paredes. Mesmo as dançantes “Breaking Glass” e “What In The World”, não escapam deste clima febril. Os segundos iniciais da bela “New Carrer In a New Town”, é um esboço maravilhoso dos caminhos que a eletrônica seguiria décadas depois. Se o disco acabasse nesta metade, teríamos um disco seminal para o rock, indicando novos caminhos, como por exemplo, o Pós-punk e a New Wave. Mas ainda existe o “Lado B”.

A segunda metade do disco contém músicas experimentais e instrumentais, que chegaram a serem descritas como um "deserto futurista congelado por sintetizadores”. As texturas de Brian Eno desenvolveram padrões intensamente plagiados nos anos seguintes e, de bandeja, Bowie criou a fundamentação do Techno Pop (gênero surgido alguns anos mais tarde).

Muitos chamam Bowie de camaleão, por mudar de estilo, usando estéticas como forma de camuflagem. Mas a verdade é que Bowie sempre estava um passo a frente para prever a ação de sua eterna presa: a música.


Programa #3 de 2009: 06/05

O terceiro OTR do ano foi quente! Equipe completa, piadas (quase sempre) infelizes e uma seleção s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l de rock and roll!



Começamos voltando no tempo: há 40 anos, os Rolling Stones lançavam um de seus maiores clássicos, Let it Bleed, devidamente homenageado neste programa.
Ouvimos também coisas novas de Manic Street Preachers, The Pains of Being Pure at Heart e uma das melhores bandas de 2008, o Deerhunter.

DEERHUNTER EM AÇÃO. DETALHE PRA DOIDEIRA DO VOCALISTA BRADFORD COX


Além disso, também marcaram presença os eternos Jarvis Cocker - que acaba de lançar disco novo - e Pavement.

E pra acompanhar o comentário que fizemos sobre o disco Brighten the Corners, clássico do Pavement relançado com muitas faixas bônus (inclusive "The Killing Moon", que rola no programa), aí embaixo está o clipe de "Stereo".




Confira a playlist completa deste On the Rock:

DEIXE SANGRAR: OS ROLLING STONES EM 1969


1. Rolling Stones - Live with Me
2. Manic Street Preachers - Virginia State Epileptic Colony
3. The Pains of Being Pure at Heart - Come Saturday
4. Deerhunter - Nothing Ever Happens
5. Jarvis Cocker - I Never Said I Was Deep
6. Pavement - The Killing Moon
7. The Whitest Boy Alive - Gravity
8. Noel Gallagher - Sad Song
9. Parts & Labor - Prefix Free

E a banda encarregada dos BGs nessa semana foi o Tera Melos, com seu disco de 2005, homônimo e instrumental.

CAPA DE "TERA MELOS", DISCO LANÇADO EM 2005


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Então é isso! Ouçam o programa, e mandem comentários e sugestões, beleza ou não?

Valeu!

Programa #2 de 2009: 22/04

Equipe desfalcada no segundo programa do ano: este que vos escreve esteve ausente por razões (automotivas) de força maior. Nada que tenha comprometido a qualidade da transmissão dos amigos Gustavo e Thiago.



Como o Gus bem disse, esse programa atirou pra todos os lados: de Caetano Veloso a Röyksopp, de PJ Harvey a Peter, Bjorn and John.

PJ HARVEY ACERTOU EM CHEIO AO LADO DE JOHN PARISH


Rolamos também coisas novas de Dan Deacon e Decemberists.

Nosso amigo Gustavo Bortoletto, o Boleiro, mais uma vez comandou a mesa de som e fez incisões cirúrgicas de seu humor, ahn, característico.

ESSA GUITARRA DO CAETANO É DAS COISAS MAIS HORRENDAS JÁ INVENTADAS


A playlist foi:

1. Caetano Veloso - A cor amarela
2. Decemberists - Record Year
3. Dan Deacon - Woof Woof
4. The Bird and The Bee - Fanfare
5. Röyksopp - Vision One
6. Peter Bjorn and John - Just the Past
7. PJ Harvey & John Parish - Sixteen, Fifteen, Fourteen
8. Bruce Springsteen - The E-Street Shuffle



E ao fundo, enquanto os meninos falavam baboseira, ouvimos faixas do mais recente disco do Bell Orchestre, projeto instrumental paralelo de Richard Reed Parry e Sarah Newfeld, do Arcade Fire.

CAPA DE "AS SEEN THROUGH WINDOWS", LANÇAMENTO DO BELL ORCHESTRE


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Então é isso. Ouçam o programa, aguardamos suas sugestões e comentários!

Valeu!